segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Moral e Moralismo. Existe diferença?

Notei que em minhas conversas sobre o tema deste blog, muitas pessoas se incomodam imensamente quando coloco a palavra “moral”. Tenho a nítida impressão que ela causa uma aversão e repúdio incontroláveis, dificultando o entendimento e aceitação de que furar a fila é um comportamento inadequado.
Essas reações me intrigam!
Depois de várias reflexões, concluí que está havendo uma confusão entre Moral e Moralismo.
Tentando juntar maiores argumentos para esta diferenciação, fui feliz em encontrar o artigo “Sobre o moralismo” de Fernando Montes D'Oca, Professor de Filosofia licenciado pela Universidade Federal de Santa Maria, publicado no jornal Diário de Alegrete em 26 de maio de 2006.
Aqui coloco passagens desse artigo que caem como uma luva para os esclarecimentos que julgo necessários:
“Infelizmente, ao homem de hoje falta moral e sobra moralismo. Em geral, tais expressões são confundidas e tomadas como tendo um mesmo e único sentido. No entanto, vale lembrar que entre a moral e o moralismo há um verdadeiro abismo.
Alguns ismos, acrescentados como sufixos, dão um sentido pejorativo à nova palavra formada [...]. O ismo denota uma espécie de desvalorização e transmite a idéia de que algo foi levado ao extremo a ponto de uma completa banalização. Assim sendo, a moral levada ao extremo passa a ser um moralismo.[...]
No nível moral do moralismo, que é um extremo ou um excesso em relação à justa medida moral, parece que a racionalidade inexiste. Nessa instância as ações humanas são orientadas de fora para dentro. Em vez de racionalidade livre, há uma obrigatoriedade ditada por exemplos ou modelos morais.
O moralismo não incentiva as pessoas a pensar em como agir, mas a agir sem pensar. De fato, usurpando a boa-fé de pessoas que abdicam de pensar antes de fazer qualquer coisa, aparecem os moralistas.
O indivíduo moralista parece sempre saber o que é certo, não titubeia nunca. Ademais, sabe o que é certo e bom para si e para os outros, e, o que é pior, induz, quando não obriga, as pessoas a agirem segundo ele julga correto.
De moralistas o mundo está cheio, seja na política, na religião, na educação, nos meios de comunicação… [...] O moralista parece ser um indivíduo que se encontra acima do bem e do mal, e, por isso, julga-se digno, mesmo muitas vezes sendo totalmente incapaz, de ser um formador de opinião e de ser alguém que legisla sobre a vida dos outros.
Quanto mais moralista se é, menos moral se tem! O moralista só prega para os outros, é um completo hipócrita. [...]
O fato de o moralista levar o discurso moral ao extremo, isto é, a ponto de reduzi-lo à não-racionalidade das ações, coloca em xeque toda a possibilidade de se ter uma legítima doutrina moral, baseada em princípios e valores flexíveis e raciocinados, e não apenas em sensacionalismos emotivistas ou em puritanismos baratos.”
O professor termina conceituando moral como “a capacidade raciocinada do homem, por si próprio, decidir o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é mau, o que é justo e o que é injusto, o que é nobre e o que é vil, o que é virtude e o que é vício.”
Então, ratificando, não queremos nem pretendemos ser moralistas. A este conceito temos as mesmas reações de aversão e repúdio encontradas.
Defendemos aqui a moral, que se refere ao respeito ao próximo e ao exercício de cidadania. Quem sabe agora entramos num acordo!!

Feliz dia das crianças e boa semana!!!

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